Teoricamente igrejas batistas são autônomas.
Sinceramente, quando vivi a realidade de uma associação batista, não
me lembro de ter testemunhado isso na prática. Na minha experiência, essa ideia
ficou presa no mundo dos compêndios de teologia, nos empoeirados e ignorados
estatutos (quem os lê?) e em discursos comprometidos. Mas, reconheço que pode
ser um lapso de memória; e espero que minha experiência não represente a sua
realidade.
Até onde lembro, quando participava de reuniões de pastores batistas
(presbitério batista?), os mais influentes (geralmente muitos galgam tal status
por boas razões, mas os mantém por péssimas práticas) vez por outra usavam, em
tom de prudência, sabedoria e respeito à autonomia da igreja local e à
autoridade dos colegas, a seguinte expressão: “Eu sugiro”.
Querido jovem pastor batista, quando ouvir essas “palavras mágicas”, fique
alerta, pois elas poderão (não é uma regra, claro) significar: “Se você não
fizer exatamente o que eu (e meu grupo de interesse; digo, o sistema) quero,
fecharei todas as portas do nosso grupo até que você viva ‘à mingua dos
cuidados denominacionais’ e morra na ‘sarjeta eclesiástica’”.
Disso decorrem alguns conselhos: Não se isole; no entanto, focalize
sua igreja local. Trabalhe duro. Pregue com amor e dedicação. Ganhe o respeito e
a admiração do seu povo. Quando precisar, critique seu grupo; revele suas
limitações bem como as virtudes dos outros irmãos. Ensine que o reino não está
restrito a uma tradição cristã apenas. Mostre, no dia a dia, o quanto ama sua
igreja. Sacrifique-se. Pastorei. Seja compromissado com a Palavra de tal forma
que seus colegas, mesmo discordando de você, temam ou evitem confrontá-lo.
Esse tipo de pastor pode até viver “à mingua dos cuidados
denominacionais”, mas nunca cairá na “sarjeta eclesiástica”, pois o Reino de
Deus é infinita e assustadoramente maior. Só assim a sugestão “dos influentes” realmente
será somente uma sugestão! Você poderá recebê-la ou simplesmente descartá-la
enquanto apresenta a sua própria.