Uma palavra sobre a lei de Moisés

Introdução

A lei de Moisés. Sem dúvidas, um assunto controverso no cristianismo. Enquanto alguns resistem a qualquer apelo direto ao AT como um guia da vida cristã ou a vida na igreja (e.g., Lutero); outros entendem que a lei deve servir de guia no governo da igreja (e.g., Heinrich Bullinger). Cada teólogo de renome tem algo a dizer sobre a lei. Para Calvino, o principal uso da lei é o chamado “terceiro uso” – o uso teológico. Barth, por exemplo, Lei é o conteúdo do Evangelho. Daniel Fuller afirma não haver elementos contrastantes no Evangelho e na Lei – ambos são um todo contínuo.

Devido ao indiscutível desacordo para com a função da Lei de Moisés na igreja, faz-se necessário uma meditação sobre o assunto. É fato que meu objetivo não é apresentar um tratado sobre a lei, mas simplesmente introduzir o leitor ao assunto e a algumas de suas principais nuanças. Espero poder ajudá-lo.

Visões quanto à Lei (cf. GUNDRY, 2003).

1. Reformado Não-Teonômico: como os reformados, eles dividem a lei em três partes: moral, cerimonial e civil. Tal divisão é vital para a argumentação dos três primeiros pontos de vista. Para os não-teonômicos, “as leis cerimoniais, as leis civis e o código penal foram anulados, e a lei moral [os dez mandamentos] recebeu mais esclarecimentos na pessoa e nos ensinos de Jesus Cristo” (VANGEMEREN, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 39 - itálico nosso). A continuidade da lei se resume aos dez mandamentos.

2. Reformado Teonômico: “…as leis permanentes do AT continuam moralmente obrigatórias no NT, a não ser que sejam abolidas ou modificadas por revelação posterior” (BAHNSEN, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 154). Para estes, as únicas leis abolidas foram as leis relacionadas aos sacrifícios e à pureza.

3. Lei com estímulo à santidade: nega a concepção antagônica entre lei e evangelho. Os contrastes apresentados nas Escrituras não são entre o evangelho e a lei, mas entre o evangelho e a perversão da lei pelos judeus (legalismo). Como nas visões apresentadas acima, a divisão da lei em três partes é crucial para essa visão, pois “se a lei continua de alguma forma sendo autoridade direta para o crente, precisamos concluir que algumas das suas leis precisam ser colocadas em categorias diferentes de outras” (MOO, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 242 – itálico nosso).

4. Dispensacionalista: a lei é um todo e sua relação direta com o povo de Deus chegou ao fim com a vinda de Cristo e a igreja. As conclusões teológicas são iguais as do luterano modificado. Porém, eles chegam por “caminhos exegéticos e teológicos” diferentes.

5. Luterano Modificado: como no luteranismo tradicional, Lei e Evangelho são conceitos antitéticos que coexistem ao longo de toda Bíblia (MOO, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 237). No primeiro temos o que Deus exige de nós e no segundo o que ele nos dá. A modificação da visão luterana tradicional está na natureza do contraste entre Lei e Evangelho. Essa escola defende um contraste histórico. Há descontinuidade entre a lei mosaica e o evangelho de Cristo. Toda lei mosaica tem seu cumprimento em Cristo. Esse cumprimento significa que a lei de Moisés não é mais a fonte direta e imediata, ou o juiz da conduta do povo de Deus. Eles são aplicáveis a nós “na medida em são passados para nós por meio de Cristo” (MOO, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 95). Para não serem confundidos com antinomistas, eles afirmam que ainda estão sujeitos à lei de Deus, mas não à lei mosaica.


A Divisão da Lei: Muitos dividem a Lei de Moisés em três partes: moral, cerimonial e civil. Tal divisão é questionável e perigosa, pois pode incentivar erros exegéticos quando tratada como um pressuposto na prática interpretativa. Além disso, a divisão da lei em três partes é desconhecida tanto nas Escrituras (AT e NT) como na antiga literatura rabínica (cf. DORSEY, 1991, p. 329). O próprio Senhor Jesus tratou a lei dessa forma – como um todo (cf. Mt. 23:23). Categorizar uma parte lei como “moral” é, no mínimo, curioso. Não seria toda a Lei moral? (ibid., p. 330). A divisão aqui questionada não é divisão de importância, pois reconhecemos que essa existe, mas àquela que reparte a lei em partes “opcionais” ou “temporárias”.

Para justificar a divisão da lei, alguns têm recorrido aos contrastes como os que encontramos em Oséias 6:6: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos”. Quando a atitude de coração é colocada em contraste com os rituais como em Oséias 6:6, a intenção “não é descartar os rituais como opcionais ou passíveis de serem ignorados” (MOO, in: Lei e Evangelho, 2003, p. 244 – itálico nosso).

Por fim, o ônus da prova está com aqueles que defendem a divisão.


O uso do vocábulo “Lei” (nomos) em Paulo
(cf. MOO, 1983, pp. 75-85):

1. Das 119 vezes que Paulo usa a Lei, nenhuma se encontra no plural. Assim, Paulo trata da Lei como uma entidade ao invés de uma série de mandamentos.

2. A presença ou não de artigo antes de nomos tem levado alguns estudiosos a crer que a presença do artigo é uma referência a lei de Moisés e a ausência do artigo à lei em geral. Há dois problemas com tal concepção: (a) O uso claro de Josefo, Filo e da LXX do anartro (substantivo sem artigo) referindo-se claramente a lei de Moisés. (b) Considerações sintáticas também explicam a variação do uso de nomos.

3. nomos significando “sistema”, “ordem”, “autoridade” sempre é construída no genitivo.

4. Paulo usa nomos para se referir a Palavra de Deus como um todo (cf. Rm. 3:19; 1Co. 14:21). Uma característica dessas ocorrências é o uso de uma forma de grafo e lego com nomos.

5. A grande maioria do uso Paulino de nomos faz referência a mandamentos, requerimentos e principalmente a um corpo ou sistema de mandamentos ou requerimentos exigidos do homem.

6. Ocasionalmente Paulo usa nomos como referindo-se a vontade de Deus.

7. Para se entender a doutrina da lei em Paulo é vital saber que ele usa nomos referindo-se a lei de Moisés.

8. Lei refere-se a mandamentos mediados por Moisés.

9. A Lei é um todo indivisível (Gl. 5:3).

10. Alguns (e.g., Cranfield) têm dito que Paulo usa nomos com o sentido de legalismo visto que não há palavra grega para tal conceito. Entretanto, a linguagem grega providencia recurso suficiente para expressar esse conceito (cf. Gl. 3:11, 18, 21; Rm. 4:13, 14; 10:3, 5; Fp. 3:9). Geralmente o que leva as pessoas a considerarem tal significado para no,moj é evitar uma avaliação negativa do AT por Paulo.

Lei como AIO: Uma das funções da lei é servir de “aio” até a chegada de Cristo. As traduções portuguesas têm traduzido a preposição grega eis como “para nos conduzir a Cristo” (Gl. 3:24 – ARA, ARC, TB) trazendo a idéia a condução ao invés de tempo. Esse é o texto usado para falar do uso teológico da Lei. Para Calvino, a Lei foi dada para mostrar a necessidade de Deus e, assim, conduzi-las a Cristo. Para que isso fosse verdade era preciso que o verso em questão trata-se da história do indivíduo e não de um povo ou da salvação. E segundo, que a preposição eis não tivesse força temporal. Há, contudo, algumas razões para crermos diferente:

(1) O contexto de Gálatas claramente é histórico e/ou temporal. Paulo faz referência a três estágios na história da salvação: a promessa a Abraão, a Lei de Moisés e a Fé em Cristo. Paulo não está falando da experiência do indivíduo, mas da função da lei na história do povo de Deus. A nuança pessoal que isso possa trazer não é o foco de Paulo – seu foco é corporativo. Provavelmente a palavra “nosso” faz referência a Paulo e seus patrícios judeus e não a Paulo e os irmãos da Galácia. Os versos 23 e 25, ou seja, o contexto imediato, também traz elementos temporais: “antes (pro) que viesse a lei” (v.23); “tendo vindo” (v.25).

(2) A preposição pode ser traduzida pode envolver objetivo ou lugar (“em direção a”, “para”); pode ser um marcador de grau; um marcador de objetivo envolvendo aspectos afetivos e abstratos; pode ser marcador de um ponto de referência e pode está ligada a tempo (“a”, “até”, “em”) cf. BDAG. Como todo contexto geral e imediato é histórico ou temporal, a melhor tradução seria “até” ao invés de “nos conduzir”. O NTLH e a NVI entenderam assim quando traduziu “a lei ficou tomando conta de nós até que Cristo viesse…”.

(3) A palavra paidagogos pode significar “guia”, “guardião”, “líder” (cf. BDAG). Como em toda ilustração, devemos buscar o “ponto de contato” entre a ilustração e o objeto ilustrado (aio e lei). A palavra grega e sua ligação com a palavra portuguesa “pedagogo” pode nos levar a pensar em um professor (cf. KJV, AV). Porém, o paidagogos não ensina (cf. BOICE). Se esse fosse o caso, a palavra didaskalos seria a utilizada. Para Moo (1983, p. 368) paidagwgo,j era alguém que tomava conta da criança, uma babá. Daí a preferência de Keener (2005, p. 546) e Vincent (vol. IV, p. 128) em traduzir paidagogos com “guardião”. Sua função está ligada à custódia e a disciplina e não à educação ou instrução. Em Lysis, Platão revela que o paidagogos “controlava” os jovens, no caso, o próprio Lysis. Na obra de Platão isso é motivo de ironia por parte de Sócrates – um escravo controlando o seu dono. Aristóteles afirma que nossa parte apelativa deve ser controlada por princípios, assim com um garoto deve viver na obediência de seu paidagogos (Nic. Etic. 3.12.8).
Aqui as palavras de Boice nos ajudarão:

O ponto de Paulo é que a responsabilidade cessou quando a criança entrou a completude de sua posição com filho, tornando-se um adulto reconhecido pelo rito formal da adoção por seu pai. “A Cristo” [“nos conduz a Cristo”] não deve ser tomado no sentido geográfico como se o pedagogo estivesse conduzindo a criança a um mestre, como alguns tem implicado. A referência, como no verso precedente, é temporal.

Para Rendall “a posição de uma enfermeira em relação a uma criança aproxima-se mais do que a imagem de um mestre ou tutor ao escritório do paidagogos ( pois ele […] era designado a cuida-las e salvaguarda-las [...]” (RENDALL, 2002, p. 173 – itálico nosso).

A lei então guardava o povo até a vinda de Cristo. Assim, podemos entender primeiramente o limite temporal da lei e sua natureza: guardar ou manter a identidade nacional do povo de Israel.

Conclusão

A lei em algum sentido foi abolida na comunidade cristã (cf. Gl. 3:19, 24, 25 “até”). Dorsey (1991, pp. 325-9) mostra que há vários elementos temporais atrelados à lei. Realmente, na forma escrita, as leis de Moisés foram claramente temporais visto que são impraticáveis em outras realidades devido ao clima (Ex. 29:22); à cultura (Dt. 22:8); à cultura religiosa (muito das regras instituídas aos levitas está diretamente ligada aos povos vizinhos [e.g., altar de holocausto]); à estrutura governamental da igreja ser totalmente diferente de Israel que era uma nação (e.g., leis relacionadas aos reis, às cidades-refúgio; ao tratamento dado aos prisioneiros de guerra, etc.) à negação categórica do NT no tocante a descontinuidade do culto sacerdotal (Hb. 8:18). Como a lei é um TODO, não podemos pensar que somente a Lei sacrificial ou cerimonial foi abolida. Não existe essa lei, existe uma única LEI, a de Moisés.

Não está se afirmando, entretanto, que o cristão está livre de qualquer Lei – existe a lei de Cristo – a lei eterna de Deus Cf. Gl. 2:19-20. A crítica de que, negar o uso da lei mosaica é o mesmo que ser legalista (pois se criará outras leis não expressas nas Escrituras) ou antimonista (lei nenhuma), só deve ser aceita ou confirmada se eu acreditar que a lei de Moisés é toda e a única revelação de Deus aos homens. Temos o NT. Como, então, encarar os preceitos da Lei mosaica? Bem, como toda a Palavra é útil (2 Tm. 3:16), devemos buscar princípios que permeiam os mandamentos.

BIBLIOGRAFIA

BOICE, James Montgomery Boice. Galatians. In: GAEBELEIN, Frank E. (ed.) The Expositor´s Bible Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1984

DORSEY, David A. The Law Of Moses And The Christian: A Compromise. JETS 34/3 September 1991, pp. 321-34.

GUNDRY, Stanley (ed.). Lei e Evangelho – 5 pontos de vista. São Paulo: Editora Vida, 2003, 444p.

MOO, Douglas J. "Law," "Works of the Law," and Legalism in Paul. WTJ vol 45-1, spring 1983, pp. 73-100.

RENDALL, Frederic. The Epistle to the Galatians. In: NICOLL, Robertson (ed.). The Expositor´s Greek Testament, Hendrickson Publishers, 2002, volume III, 547p.

VICENT, Marvin R. Word Studies in the New Tetament, Hendrickson Publishers, IV volumes.

Deixar de fazer o bem é uma forma de fazer o mal.

A omissão parece ser uma opção confortável ante a dificuldade de satisfazer os mandamentos de Yahweh. Ela aparentemente nos protege da exposição, da vergonha, da crítica e da rejeição. No refúgio da indiferença ainda temos a oportunidade de sermos confundidos com os prudentes e os mansos. A Escritura (cf. Lc. 6:9; Tg. 4:17), contudo, vai de encontro a essa tendência tentadora de considerar a omissão do dever conhecido uma opção legítima, uma vez que se trata de algo menos grave do que a ação pecaminosa. A despeito de suas diferenças, ambas (ação e omissão) são confrontadoras, pois, de acordo com as passagens citadas acima, rejeitam a vontade clara do Senhor. A primeira rejeita a proibição (aspecto negativo) dos mandamentos enquanto a segunda ignora seu caráter exortativo (ou positivo).

Encontramos o mesmo princípio apresentado por Cristo e Tiago (cf. Lc. 6:9; Tg. 4:17) na estrutura humana e social. Explico: Toda sociedade possui seus próprios mandamentos. Na sociedade ocidental, por exemplo, todo filho espera cuidado e atenção de seus pais. Podemos também assegurar que todo cônjuge espera fidelidade, zelo e amor, assim como todo cidadão espera proteção e boas condições de vida dos seus governantes. É fato que algumas pessoas esperam além do que se deve, mas quando uma expectativa é fundamentada em uma obrigação (pressuposta, declarada, cultural etc.), temos uma expectativa autêntica. Negligenciá-la não é somente omitir o bem; antes, é cometer um grande mal, pois se vai de encontro a um compromisso estabelecido. A omissão, portanto, é a negação (ação) de uma expectativa válida.

Todo filho esquecido, todo cônjuge tratado com indiferença e todo cidadão negligenciado, bem como todo ateu injustiçado, são obrigados a concordar com a proposta de cristã de que há transgressão no “deixar de fazer o bem”. Dificilmente um filho vê a omissão de seus pais simplesmente como uma oportunidade perdida ou uma opção negada. O mesmo pode-se dizer do cidadão diante da omissão dos políticos; da esposa ante a indiferença do marido; e do ateu diante da paralisia da justiça. Todos tratam a negligência como uma atitude confrontadora. É um confronto, pois todos esperam que se cumpra aquilo que tomam como mandamento.

Pensemos nas campanhas de ajuda humanitária. Muitos dos seus apelos soam como verdadeiras acusações contra o pressuposto “dever humano” de ajudar o seu próximo. Pressupõe-se que é “humano” ajudar o próximo como é “humano” cuidar dos filhos. As acusações de ignorar os desprovidos, negligenciar os necessitados e/ou omitir­-se à mão erguida do pobre, pressupõem a obrigação (mandamento) humana de ajudar o próximo. Assim como nos casos acima, escolher não ajudar não é visto como um exercício de liberdade autêntica ou uma opção legítima, antes, como um ato contra a humanidade.

Na prática, nossa alucinada sociedade sabe que o ódio (ação) não é a antítese perfeita do amor; e sim a indiferença (omissão). Ela rejeita o cristianismo, mas ainda quer seus mandamentos e julga os que lhes são omissos. O próprio Deus foi morto exatamente por Sua “omissão”. A pedra angular do ateísmo não é a falta de compreensão quando aos feitos (ações) de Deus, mas a Sua suposta “omissão” para com Seus próprios mandamentos e aos mandamentos (ou expectativas) dos homens. Assim como todo incrédulo crê em si mesmo, todo antinomista tem seus mandamentos e não suporta que os rejeitam – nem mesmo Deus.

Se uma sociedade entregue a si mesma, com sua ética utilitarista, pragmática e subjetiva não tolera a omissão a uma obrigação (mandamento) pressuposta (subjetiva), o que dizer da omissão dos cristãos que alegam possuir suas obrigações proposicionalmente reveladas nas Escrituras? Essa mesma sociedade, mesmo que cega e perdida, instintivamente parece entender os grandes males da omissão dos seus próprios mandamentos. O mesmo parece não ser verdade quanto ao evangelicalismo que, dentre muitas omissões, tem diluído a única mensagem que foi lhe dada – o Evangelho simples de Cristo. Tolera-se (omissão) o silêncio (omissão) quanto à mensagem confrontadora do evangelho. É omissão sobre omissão. Esse silêncio, contudo, não é uma opção para a igreja, assim como também o escândalo ou a perseguição resultante da proclamação que lhe é devida (cf. 1Co. 1:23; 1Tm. 3:16; 2Tm. 3:12). Não nos foi dada a liberdade de não confrontar.

Se nos foi dada uma missão (preservar e proclamar o Evangelho), a omissão torna-se o mesmo que uma ação e/ou uma escolha rebelde. Deixar de fazer, quando se deve, é rebelião. Toda escolha é uma renuncia. Não existe neutralidade quando se exige atitude. Diante de um mandamento só podemos obedecê-lo ou rejeitá-lo. Deixar de fazer o bem é uma forma de fazer o mal.

A hermenêutica dispensacionalista progressiva.

A RELAÇÃO HERMENÊUTICA ENTRE O AT E O NT

DUAS PERSPECTIVAS

A. O NOVO INTERPRETA O ANTIGO:

“A exegese cristã deve permitir ao Novo Testamento interpretar o AT… Essa abordagem à interpretação bíblica permite que a revelação conclusiva de Deus no Novo Testamento interprete autoritativamente a revelação incompleta no Antigo”[1]. Essa é abordagem tradicional da Teologia das Alianças. É dito, por exemplo, que Pedro inspirado por Deus “transferiu o trono de Davi Jerusalém-Sião (Sl. 110:2) – para o céu”[2]. Para Elliott Johnson essa é uma outra forma de dizer que o NT [re]interpreta (ou muda) o AT[3]. Ladd, por exemplo, só acredita em um milênio devido sua leitura neotestamentária (especificamente Ap. 20 e Rm. 11:26) e não devido a interpretação literal das promessas feitas no AT referentes a um reino terreno[4].
Dentro dessa escola, há o grupo do sensus plenior. Para esses o NT “nos possibilita obter um ‘sentido mais completo’ […] do texto veterotestamentário, o que não era possível aos autores humanos do AT pretenderem, tampouco compreenderem”[5]. Assim, “o autor humano nem sempre compreendia completamente […] a referência profética”[6].

B. O ANTIGO INTERPRETA O NOVO

O dispensacionalismo é o grande nome dessa abordagem. Porém, pela própria natureza dessa escola hermenêutica, há muita variação. Aqui queremos considerar suas duas grandes vertentes: o dispensacionalismo tradicional ou clássico (Alguns representantes: Charles C. Ryrie, Thomas Ice, Elliott E. Johnson) e o progressivo (Darrell L. Bock, C. A. Blaising, Robert Saucy).

No Dispensacionalismo tradicional o AT tem a prioridade. “As passagens do Antigo Testamento são deixadas intactas pelo Novo Testamento”[7]. “O aumento não se dá à custa da promessa original”[8]. Por exemplo, para esses, as Alianças Davídica e Nova não foram cumpridas no NT exatamente porque não temos a aplicação nos termos do AT. Nas palavras de John R. Master: “Se a nova aliança de Jeremias 31:31-34 promete a certeza de obediência experimental aos mandamentos de Deus (‘Torah’), porque Paulo continua a experimentar o pecado (1Tm.1:15; cf. Fp. 3:12)?”[9].

Dispensacionalismo Progressivo: O diferencial dessa abordagem está em reconhecer que “o Novo Testamento introduz mudança e avanço; Ele não simplesmente repete a revelação do Antigo Testamento. Ele faz adições complementares, porém, ele não lança ao mar as antigas promessas[10]. Em sua defesa os progressivos dizem que “É essa manutenção do significado [no Antigo Testamento] que dá estabilidade a abordagem”[11]. “Não há substituição de significados, somente acréscimo de um novo cenário o qual ele também se aplica”[12].

Exemplificando: Um exemplo muito usado é o do “Trono de Davi”. No AT temos uma dimensão terrena, já no NT (especificamente At. 2:30) temos uma dimensão celestial. O dispensacionalista tradicional diria que a Aliança Davídica não foi cumprida, pois o que Atos nos apresenta não se encaixa com o contexto e/ou com os termos do AT. O progressista, por outro lado, diria que a dimensão celestial é um novo elemento[13] do progresso da revelação. O progressista ainda diria que “devemos ser sensíveis ao lermos ambos os Testamentos de uma forma que honre cada contexto e unifique-os canonicamente de forma que faça sentido a sua expressão orginal[14]. Para o progressista “uma leitura normal e complementar do contexto do Novo Testamento introduz uma nova nota de continuidade no progresso da revelação sem resultar numa alteração do significado último das passagens do Antigo Testamento”[15]. Na hermenêutica progressista não podemos fechar a questão das Alianças antes que o tema seja completamente desenvolvido[16]. É por isso que a denominaram de “hermenêutica completar”[17].

AS ALIANÇAS: CONTEÚDO, RELAÇÃO ENTRE ELAS E CUMPRIMENTO.
Aliança Abraâmica: Entre os capítulos 12 a 15 de Gênesis temos oito promessas. São elas: (1) uma descendência (semente); (2) bênção para Abraão; (3) Um grande nome para Abraão; (4) bênção ou maldição para aqueles que abençoarem ou amaldiçoarem Abraão; (5) bênção para as famílias da terra através de Abraão; (6) terra para a descendência de Abraão; (7) Deus será o Deus do seu povo; (8) reis serão descendentes de Abraão.

Aliança Davídica (2Sm. 7): Embora o termo aliança (tyrIB.) não apareça na passagem, referências posteriores referem-se a ela dessa forma (cf. 2Sm. 23:5; 2Cr. 13:5; Sl. 89:3). O Senhor lhe promete: (1) um grande nome (2Sm. 7:9); (2) Davi estabelecerá um lugar de repouso para a nação (vv. 10-11); (3) haverá uma descendência que reinará depois de sua morte (vv. 11b-13). (4) o relacionamento de Deus para com o rei nesta dinastia é especial, é um relacionamento de pai e filho (vv. 14-15). (5) é assegurado que essa linhagem e seu trono permanecerão para sempre (vv.16)[18].

A Nova Aliança (Jr. 31:31-34): Há três elementos importantes nessa aliança: (1) a aliança foi feita com Judá e Israel. Deus restaurará a nação completamente; (2) Essa aliança é diferente da aliança feita com Moisés; (3) essa aliança visa a transformação e restauração do relacionamento (perdão e acesso direto ao conhecimento de Deus).

A relação entre as Alianças

A promessa de uma grande nação implica na necessidade de terra (Abraâmica), de um líder (Davídica). E para experimentar as bênção do Reino Messiânico o povo precisava obedecer a Deus (cf. Dt. 27-30). A necessidade de bênçãos e obediência é garantida na Nova Aliança[19]. Assim, as alianças são complementares.

O CUMPRIMENTO DA ALIANÇA DAVÍDICA E A ATIVIDADE MESSIÂNICA DE CRISTO[20].

As divergências sobre o reino são várias. As principais são: A natureza do reino (político? espiritual? Político-espiritual?); sua vinda (vem em fases? já veio? Ainda virá? Veio e virá?), sua relação com Israel (Deus vai tratar futuramente com um Israel ético? Israel espiritual? ) e sua relação com a Igreja (o reino é o mesmo que igreja? Se manifesta na igreja? A igreja é somente sua porta de entrada?).

Observaremos duas questões básicas sobre o reino:

1] As declarações do Senhor Jesus acerca do mistério do Reino nas parábolas de Mt. 13, Mc. 4, Lc. 8:4-15 fazem referência a um novo (e distinto) programa de reino ou esses mistérios fazem parte de um desenvolvimento revelacional de um único programa já existente e prometido?

2] O reino (ou reinos) é espiritual, político ou ambos?

Para responder essas questões precisamos de uma definição de Reino e algumas expressões de grande valor hermenêutico como “cumprimento”, por exemplo. Segue alguns princípios esclarecedores:

1] Sobre cumprimento: Este autor entende que a sinalização do cumprimento de uma aliança não exige a presença de todos os elementos a ela ligados. Se houver de um apelo à linguagem das alianças e provisões de suas promessas, temos o início de cumprimento.

2] As declarações neotestametárias sobre a “chegada” ou “proximidade” do reino não pode ser inteiramente aplicada ao reino teocrático ou a soberania universal de Deus (e.g., dispensacionalismo), pois o reino tem sempre existido (Sl. 145:10-13), enquanto o Novo Testamento proclama um reino que não existia previamente.

3] A distinção entre os “reinos” presente e futuro como se tratando de duas esferas ou entidades distintas é problemática visto que os autores do NT não se preocupam com o uso da mesma terminologia (cf. Lc. 19:11 [futuro]; 11:20 [presente]).

4] É melhor pensar em um só programa em duas fases e não dois programas distintos. O reino tem uma fase futura (Lc. 19:11; At. 14:22; Ap. 11:15) e presente (Jo. 3:1-15; Cl. 1:13). Assim, se é o mesmo reino, ele não foi não foi adiado, mas antecipado.

4] A presença do reino hoje não elimina a distinção entre Israel e a Igreja. Temos o cumprimento inicial na Igreja e sua consumação com Israel. O Israel étnico não foi completamente excluído, somente deixado de lado temporariamente. A promessa, contudo, ainda está viva (cf. Rm. 11:17-24).

5] Alguns têm questionado a presença do reino, pois todo reinado exige uma regência. Algumas questões devem ser consideradas:

a] Exercício do reino exige uma presença de uma regência coercitiva?
b] Deve-se subjugar todos os inimigos para se ter um regência?
c] Sobre o exercício corrente do reinado de Cristo cf. 1Co. 15:25: “Porque convém que reine (basileuo – tempo presente) "até" que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés”.
d] Não há necessidade de uma terminologia específica. O reino pode ser referido sem o uso de vocábulos, por exemplo, derivado da raiz de basile,ia. Por exemplo, Ez. 34:23-24 faz uma ligação entre o pastorado e o reinado (cf. Mq. 5:2-4). Quando o NT usa o termo “messias” para o Senhor Jesus, há uma dimensão real (cf. Rm. 1:2-4; Ef. 1:19-23). Além dessas razões, Bock acredita que Cristo não é chamado de rei para não encorajar uma escatologia super-realizada (cf. 1Co. 4:8-13).


PASSAGENS CHAVES SOBRE A ALIANÇA DAVÍDICA.

Lucas. 1:67-79
As alianças Davídica e Abraâmicas são tratadas juntas aqui. A visita de Deus consiste:

a. Na defesa de Deus dos inimigos do seu povo e a condição do seu povo o servi-Lo (vv. 74-75).
b. A presença de uma luz de salvação tirando o povo da escuridão e da morte (vv. 78-79).

Para Bock, o hino serve como uma introdução ao ensino do evangelho de Lucas. Deve-se ler o restante do evangelho para ver o ponto e escopo da introdução. A leitura revelará que os inimigos não devem ser definidos somente como os romanos, mas como as forças espirituais que estão por trás deles.

Matheus 3:1-12

O texto nos apresenta o indicador da chegada do reino. A forma de sabermos que o reino dos céus veio é a presença de alguém mais poderoso que João. Esse, por sua vez, batizará com o Espírito Santo (cf. At. 11:15-17; Jo. 3). Assim como no hino de Zacarias, a esperança davídica e abraâmica são ligadas. O anuncio de João uniu as alianças davídica (rei e reino) e nova (Espírito Santo).

Lucas 24:43-49 e Atos 2:14-39.

A obra mediadora de Cristo em enviar o Espírito é evidência de que Ele está sentado no trono prometido a Davi, excedendo autoridade messiânica e regência. Tentar distinguir tronos é ignorar o fato de que a Bíblia também descreve o trono terreno de Salomão com o trono do Senhor (1Cr. 29:23). Assim o trono do Pai não é um trono celeste; nem o trono de Davi precisa ser um trono terreno. A significância do trono não é uma questão de localização, mas de função.

Autoridade real é o que Pedro tem em mente quando trata do Senhor Jesus. Todos os textos citados são reais, messiânicos, ou textos dos “últimos dias”.

Atos 13:15-39

1] Parece razoável pensar que Paulo pregou sobre o reino já que o “reino” é o sumário de suas pregações no livro de Atos (cf. At. 19:8; 20:25; 28:23, 31).
2] A frase "achei Davi” vem do Sl. 89:20 (LXX 88:20), o maior salmo sobre o compromisso de Deus feito a Davi.
3] Paulo está pregando a realização corrente do reino prometido a Davi. O tempo perfeito do verbo “cumprir” no v.33 fala de uma condição existente de cumprimento em resultado da atividade de Deus em Cristo. O que Deus fez foi o cumprimento e os efeitos são presentes.
4] É uma mensagem para “Israel”. Não há indicação de mudanças no programa de Deus. Paulo está pregando para Israel acerca de Jesus como cumprimento da promessa messiânica.


CONCLUSÃO: Os textos nos revelam que existe um portador de autoridade (Jesus), um reino (povo preparado por Deus) e um exercício de autoridade (o dom do Espírito Santo). Certamente o reino apresentado no NT não cumpri as profecias do AT exata e completamente em seus termos. Isso, contudo, não elimina sua existência e o início do cumprimento. Jesus antecipou Seu reino e o trará no futuro.

[1] ICE, Thomas. Dispensational Hermeneutics em WILLIS, Wesley R. & MASTER, John (eds.) Issues in Dispensationalism. Chicago: Mood Press, 1994, pp. 38-9 (negrito nosso).
[2] LADD, George Eldon. Pré-Milenismo Histórico em CLOUSE, Robert G. Milênio: significado e interpretações. Campinas: Luz para o Caminho, 1990, p. 30
[3] JOHNSON, Elliott E. Prophetic Fulfillment: The Already and Not Yet em WILLIS, Wesley R. & MASTER, John (eds.) op. cit., p.191.
[4] cf. LADD George Eldon. op. cit., p. 26
[5] KAISER, Walter Jr. Hermenêutica Legítima em GEISLER, Norman (org.). Inerrância: uma sólida defesa da infalibilidade das Escrituras. São Paulo: Editora Vida, 2001, p. 165 (itálico nosso).
[6] BOCK, Darrell L. Evangelicals and the Use of the Old Testament in the New part 1, BSac 142:567 (Jul 85) p. 213 (itálico nosso).
[7] ICE, Thomas. op. cit., p. 38 (itálico nosso).
[8] BLAISING & BOCK, Dispensacionalism, Israel, and the Church: Assessment and Dialogue. p. 393 apud. WILLIS, Wesley R. & MASTER, John (eds.) op. cit., p. 38.
[9] MASTER, John R. The New Covenant em WILLIS, Wesley R. & MASTER, John (eds.) op. cit., p. 102.
[10] BLAISING & BOCK, Darrell L. Dispensacionalism, Israel, and the Church: Assessment and Dialogue. P. 393 apud. BOCK, Darrell L., Hermeneutics of Progressive Dispensationamism em BATEMAN, Hebert W. IV, Three Central Issues in Contemporary Dispensationalism: a comparison of traditional and Progressive Views. Grand Rapids: Kregel Publications, 1999, p.90.
[11] BOCK, Darrell L. em BATEMAN, Hebert W. IV, op. cit., p.90.
[12] Ibid., p.91 (itálico nosso).
[13] Não é o mesmo que sensus plenior.
[14] BOCK, Darrell L. em BATEMAN, Hebert W. IV, op. cit., p. 93.
[15] Ibid., p.97 (itálico nosso).
[16] Ibid., p.190.
[17] WILLIS, Wesley R. & MASTER, John (eds.) op. cit., p. 38.
[18] Os salmos contribuem muito para entendermos essa aliança. São vários os temas (1) o alcance internacional da vitória do rei (Sl. 2:8-12; 78:8-12; 89:25, 27; 110:2-6; 132:18), (2) a extensão da sua soberania (Sl. 2:8 89:25-27); (3) justiça do seu reinado em benefício do seu povo (Sl. 45:3-5; 72:2-4, 12-16); (4) caráter eterno do seu reinado (89:4, 28, 36-38; 110:4). cf. Darrell L. Bock, Covenants in Progressive Dispensacionalism em Three Central Issues p.185.
[19] ICE, Thomas. op. cit., p. 38.
[20] Estruturado de BOCK, Darrell L. Current Messianic Activity and OT Davidic Promise: Dispensationalism, Hermeneutics, and NT Fulfillment. 2002. Trinity Journal Volume 15.

Idolatria no coletivo

Não me lembrava da última vez que me vi “em pé” em um ônibus. Mas lá estava eu, depois de andar alguns quilômetros, com fome e cheio de sacolas marcando os dedos, diante de várias poltronas ocupadas. “Quem seria o primeiro a sair?”, pensei instintivamente. A decisão deveria ser rápida. E optei acertadamente. Logo estava diante de um cobrador. “Acho que está de folga”, “Deve descer no ponto oficial que fica a uns três minutos daqui”, ponderei.

Passado os três minutos, como esperava, o cobrador deu sinais claros de que iria desocupar a poltrona. Estou certo de que brotou um sorriso no canto do meu rosto. Então veio o inesperado. “Por favor”, disse o cobrador, “você pode chamar aquela senhora? Quero que ela sente no meu lugar!”. “Claro”, respondi prontamente.

Tratava-se de uma senhora com seus sessenta anos. Obedecendo ao cobrador, aproximei, e de forma educada, disse: “A senhora pode sentar ali se quiser”. Notei que estava cansada. O nobre cobrador tinha feito uma boa escolha. Talvez analisou bem antes de tomar a decisão.

Um pormenor passou desapercebido naquela tarde. A senhora não viu que a iniciativa de ceder o lugar tinha sido do cobrador e não minha. Em sua mente, eu, o rapaz educado, havia cedido amorosa e sacrificialmente o lugar. Não era verdade. A despeito do meu egoísmo e indiferença, ela me tratou com dedicação e benevolência. Aproximou dela todas as minhas sacolas e me chamou de “filho”. A alegria que senti pela poltrona vazia foi substituída pela vergonha da glória imerecida. O louvor daquela senhora era sincero, mas era fruto do engano (não tinha sido idéia minha). Seu bom tratamento era bem intencionado, mas ao mesmo tempo injusto. Como todo louvor e glória que não são oferecidos a Deus; era uma honra boba, injusta e sem sentido.

E o cobrador? Merecia a glória? Claro que não! Assim como eu, ele também recebeu "ordens" de Outro. Louvemos a Deus! A Ele a glória! A Ele, toda glória é justa, merecida e certa. Nunca nos enganamos quando a Ele louvamos.

Nascido assim: homossexualidade, genética e neurociência.

Não há como negar o crescimento do movimento gay e muito menos tapar os olhos para as suas conquistas. Eles têm ganhado espaço no campo político; cobertura positiva na mídia; fundado igrejas, teologias e adquiriram uma visão positiva no campo da psicologia. Mas uma das grandes batalhas que o movimento ainda não conquistou de forma definitiva e/ou comprovada foi no campo das ciências exatas. Esse é exatamente nosso foco nesse pequeno artigo. Nosso objetivo, portanto, é ouvir a ciência. Veremos que suas informações serão valorosas no aconselhamento.

A comprovação biológica, genética e neurocientífica de que as pessoas “nascem” homossexuais seria uma das grandes conquistas para o movimento gay. Reconhecemos que nem todos os homossexuais pensam assim, muitos temem que a comprovação poderia gerar um tipo de “eugenia”. As palavras de Simom LeVay (homossexual e cientista) nos alertam para a importância de tal conquista:

"Do ponto de vista POLÍTICO, a questão de determinar a mutabilidade, ou não, do homossexualismo é bastante CRUCIAL. O público estado-uniense terá uma atitude diferente aos DIREITOS HOMOSSEXUAIS de sua crença no fato de o homossexualismo ser, ou não, uma questão de escolha pessoal".

O que dizer, então, das novas descobertas do “gene gay” e do “cérebro gay” tão divulgadas na mídia? Primeiramente, todo espaço conquistado pelo movimento gay na mídia e outras áreas não se deu por razões científicas e/ou filosóficas, senão por pressão política. Quanto às descobertas científicas, dois nomes são importantes : Simom LeVay e Dean Hammer. Ambos homossexuais; o primeiro pesquisou cérebros e o segundo genes.

Em 1991 LeVay analisou o cérebro de 35 cadáveres de “supostos” homossexuais. A mídia divulgou a existência de um “cérebro homossexual” baseada nas pesquisas de LeVay. Algumas observações importantes:

1) LeVay observou diferenças no hipotálamo dos homossexuais. Porém, ele não pode responder se as diferenças eram a causa ou o resultado de vida homossexual; 2) Não pode responder se os danos foram causados por HIV positivo; 3) A definição da sexualidade dos cadáveres é extremamente questionável, pois não havia como verificar a orientação sexual das “amostras”.

O próprio LeVay afirmou:

"É importante enfatizar o que não descobri. Não provei que a homossexualidade é genética, nem achei uma causa genética para o homossexualismo. Não demonstrei que os homossexuais nascem assim, esse é o erro mais comum que as pessoas cometem na interpretação de meu trabalho".

Hammer reinvidicou a descoberta de um gene que parecia ser o determinante da homossexualidade. Quanto à genética, sabemos que todo traço comportamental tem um componente genético. Porém, o gene não determina o comportamento como determina a cor dos olhos ou cabelos.

O próprio Hammer disse:

"Por meio do estudo de gêmeos, já sabemos que metade, ou mais, da variedade na orientação sexual não é herdada…O melhor estudo recente sugere que a identificação sexual feminina é mais uma questão de meio-ambiente que de hereditariedade”."

J. M. Bailey E R. C. Pillard são os dois estudiosos mais citados como tendo demonstrado que a homossexualidade é genética. Suas palavras sobre suas pesquisas são:

"Esses estudos foram projetados para detectar variação hereditária, e caso existisse, refutar a crença prevalecente de que a orientação sexual é amplamente o produto da interação familiar e ambiente social...Embora homossexuais macho e fêmea parece ser pelo menos um pouco hereditário, o ambiente social deve ser de considerável (notável) importância em suas origens".

Sobre as mais atuais pesquisas quanto à questão do “cérebro homossexual”. A Veja On-Line divulgou:

"As pesquisas [cerebrais através de tomografia e ressonância magnética] que chegaram a essas conclusões, no entanto, não tinham como afirmar se as diferentes formas de reagir dos cérebros homo e heterossexual se deviam a razões biológicas ou resultavam da aprendizagem".

Novamente quando o assunto é estrutura cerebral sempre teremos a lacuna da causa e efeito. Pesquisas mostram que o cérebro muda de acordo com o estilo de vida. Assim, não se sabe se as mudanças cerebrais nos homossexuais se devem ao estilo de vida (efeito) ou causam a homossexualidade.

Até aqui, o que se pode dizer é que a homossexualidade é resultado de uma decisão pessoal e de natureza moral. Há influências para a decisão (e.g., criação, ambiente familiar, amizades), mas no final é coração quem decide. Como conselheiros cristãos podemos afirmar com convicção (principalmente bíblica e também científica) para qualquer um que vive em conflito com a sua identificação sexual: “Você não É homossexual”, “Você tem desejos homossexuais”, “Ninguém é homossexual”, “Ninguém nasce homossexual”.

“Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co. 6:9-11).

Preservando a santidade na Igreja (última parte)

Leitura: 1Coríntios 5:9ss.

“…vos escrevi…”. A ordem de Paulo não era novidade para os coríntios. Eles já haviam sido exortados quanto a essa temática. Porque, então, esses irmãos não atenderam as instruções da carta anterior? O primeiro verso desse capítulo revela que o caso do homem incestuoso é resultado de outros casos de imoralidade. A causa da insensibilidade, neste verso específico, seria a indiferença para com a imoralidade (tratamos disso no primeiro artigo). Porque, então, deixaram chegar a esse ponto, já que Paulo os tinha exortado quanto à imoralidade?

Primeiro; fica claro que houve um mal entendido no tocante a primeira carta. No verso 11 Paulo explica o que realmente quis dizer naquela primeira correspondência. Ele faz questão de esclarecer o que deve ser feito e reforça declarando o que não quis dizer: não devem se associar com alguém que dizendo-se irmão vive em imoralidade. Paulo não proibiu o relacionamento entre o crente e o mundo. Sua proposta não foi ascética e/ou monástica. Seria, então, o mal entendido a explicação para o desprezo das primeiras palavras de Paulo? Penso que não. O texto nos oferece mais explicações para o desdém para com a orientação de Paulo na primeira carta.

Os primeiros capítulos dessa carta revelam uma divisão na igreja. Uma leitura rápida nos apresenta uma divisão gerada por preferências. Porém, esse é um lado da história. Sempre teremos preferências e não há nada de errado em tê-las. O caso aqui é que havia soberba “a favor de um em detrimento de outro” (4:6c). Não era o caso de preferência somente, era de depreciação dos demais. E o motor propulsor dessa postura era a “soberba” (gr. physioo). Nesse mesmo capítulo Paulo diz: “Alguns se ensoberbeceram” (vv. 18s).

O verso 2 do parágrafo em questão temos novamente a temática da “soberba”. A declaração é clara: Os irmãos de Corinto não se sensibilizaram quanto ao pecado do incesto por causa da soberba. No verso seis desse mesmo capítulo Paulo diz: Não é boa a vossa jactância. Essa abordagem (ou reconstrução) nos ajuda a entender porque os irmãos de Corinto não seguiram as instruções de Paulo: estavam cheios de si. Ser soberbo é o mesmo que “ter um conceito exagerado de si mesmo” (BDAG). Por isso, o desprezaram. Havia uma causa primária – ela era a raiz do problema: a soberba. A soberba os tornou insensíveis. Ela os impediu de considerar os conselhos de Paulo. O assunto de imoralidade, portanto, surge em um cenário maior – a soberba. Ela volta a tona nos capítulos 8-10. Lá o contexto é saber lidar com questões que a Bíblia não proíbe, porém não incentiva. Nesses casos o desafio é o “amor” em detrimento da “soberba” (cf. 8:1).

Eis aqui alguns desafios: a) Quando pensamos mais de si mesmos fechamos nosso coração para as verdades ditas por aqueles que consideramos inferiores; b) podemos amar mais as pessoas do que os princípios por elas apresentados mesmo que estes sejam verdadeiros; c) A rejeição das verdades ditas por pessoas que desprezamos pode ter conseqüências desastrosas como o quadro apresentado em Corinto; d) Devemos amar mais a verdade do que o veículo transmissor dela.

“…não vos associeis”. A expressão grega usada aqui é exclusiva das cartas paulinas. Das três ocorrências, duas estão nesse contexto; a outra se encontra em 2Ts. 3:14. A palavra “associar-se” é aplicada à “intimidade social”. O texto não responde a todas as nossas perguntas quanto à natureza desse desligamento. Não comer com essas pessoas significava o total desligamento? Significa que um irmão não poderia sequer visitar (ou ser visitado) pelo disciplinado ter uma refeição particular?

“comer…” aqui certamente não se refere exclusivamente à Ceia do Senhor. A expressão “nem ainda” não nos permite defender tal restrição. Judas 12 e outras fontes históricas nos informam das festas de “amor” (ou de fraternidade) muito comuns no primeiro século. Como a ênfase em todo capítulo é a reação da comunidade (social), talvez a exclusão no caso seja das reuniões ou das festas do amor (da comunidade). E quanto às relaçãoes pessoais? Reconhecemos que 2 Ts. 3:14 não é um paralelo exato, mas na exortação da “não associação” há espaço para “relações pessoais” com a ressalva de que seja com admoestação (convite a interromper uma conduta em curso).

Efésios 5:11: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”.

Preservando a santidade na igreja (parte 2)

Leitura: 1 Coríntios 5:1-8.

Os vv. 6-8 revelam as razões para a expulsão do homem incestuoso: a) os perigos de uma postura indiferente ao pecado para o corpo de Cristo e, b) a proposta de Deus na morte de Cristo visando nossa santificação.

Paulo utiliza um ditado muito empregado no mundo judaico. A idéia é simples: o pequeno (e aparentemente insignificante) pode tomar proporções grandiosas. Ele já tinha utilizado esse provérbio quando escreveu aos gálatas tratando do perigo da falsa doutrina (Gl. 5:9). A ameaça em Corinto é a imoralidade sexual. Simplificando, Paulo está dizendo: coisas ruins se proliferam com mais rapidez. A imoralidade (Corínto) ou os falsos ensinos (Galátas), portanto, devem ser considerados com atenção especial pela igreja, pois sua capacidade de domínio e destruição é incontestável e iminente. Os irmãos de Corinto não tomavam a questão com seriedade, e por isso, estavam à beira da “contaminação completa”.

Paulo muda as figuras ilustrativas no verso 7. Ao invés do contraste entre “pequeno” e “grande” do provérbio judaico, temos um contraste entre “novo” e o “velho” tirado da festa dos pães asmos. A retirada do velho fermento claramente é uma referência direta ao homem incestuoso, porém sua aplicação é de alcance maior. Não podemos esquecer que o alvo de Paulo em todo o parágrafo não se limita ao pecado de incesto, mas a pureza na igreja, e isso, evidentemente inclui pecados menos escandalosos como a “avareza” (v.11), por exemplo.

Como é de praxe na teologia de Paulo, há sempre uma relação entre o que somos e o que devemos ser. Ou, como alguns teólogos preferem: entre o indicativo (o que somos) e o imperativo (o que devemos ser). Essa é uma forma de relacionar o dom de Deus da salvação (justificação, santificação, conversão, regeneração)com a ética. Ou, entre a responsabilidade humana e a soberania de Deus. É como se Paulo dissesse: “sejam o que são”. Fomos libertos do pecado (o que somos, o que Deus fez em nós), por isso devemos viver em obediência a Deus (o que devemos fazer). Só podemos obedecer (imperativo) por que somos libertos (indicativo). Voltando a ilustração anterior: Somos massa nova (indicativo), por isso devemos tirar o velho fermento (imperativo).

A razão para uma “nova” situação e o deixar a “velha” vida está em Cristo. Para entender melhor a ilustração de Paulo devemos ter uma noção da relação entre a festa da Páscoa e dos Pães Asmos (sem fermento). A páscoa levava aos Pães Asmos. Depois da morte do cordeiro pascal seguia-se uma semana de asmos. Tudo que era levedado deveria ser eliminado da casa dos israelitas (Êx. 12:14-20).Da mesma forma, o Cordeiro Pascal (Cristo) deve nos levar a uma “nova” massa, uma "nova" situação. A morte de Cristo, por conseguinte, é o alicerce de uma “nova” condição; em um estado de pureza, santidade, de “asmos” constantes, sem contaminação.

As palavras usadas por Paulo (“maldade” [gr. kakias] e “malícia” [gr. ponerias]) são genéricas, e juntas, aplicam-se a toda forma de iniqüidade. Deus nos libertou do pecado, portanto, vivamos de forma santa e pura. Nosso comportamento deve ser motivado pela “verdade” e a “sinceridade” (gr. eilikrineias – “livre de dissimulação”, “motivação pura” [BAGD]).

O Sacrifício de Cristo não nos deu condições somente de irmos ao céu, mas de nos moldar segundo sua santa imagem. Isso deve acontecer na esfera pessoal e corporal. Que possamos demonstrar santidade e pureza como povo de Deus e corpo de Cristo. Esse é, sem dúvida, o desafio de Paulo e sua preocupação neste parágrafo – a santidade corporativa. A santidade, portanto, não deve ser somente uma busca individual ou pessoal. A santidade do irmão deve ser nosso alvo também. Somos um corpo.

continua...

Preservando a Santidade na Igreja

Não me lembro a última vez em que vi um cristão “fazendo propaganda” de uma igreja ressaltando sua pureza. Geralmente o que vejo são pessoas (incluindo pastores) destacando suas igrejas pelo número grande de visitantes, membros, o crescimento da estrutura física, as programações, o potencial intelectual do pastor. Mas, a moral, a santidade, a pureza, sinceramente não me lembro.

Evidentemente não sou contra nenhuma dessas qualidades. Certamente o crescimento físico de uma igreja pode ser resultado do exercício da comunhão e/ou da fidelidade fianceira. O que me incomoda é supremacia de algumas virtudes e/ou qualidades em detrimento dos elementos mais essenciais como a moral e a santidade, por exemplo.

O texto de 1 Coríntios 5 deixa claro que uma igreja madura é uma igreja que preza pela moral e a santidade. O primeiro verso nos revela o quadro do que estava acontecendo naquela igreja.

1. No geral, o capítulo trata da pureza na igreja. Nos primeiros versos (vv. 1-5)o assunto específico é a “imoralidade” na igreja. Algumas versões como a RC, a ECA., a TB traduzem como “fornicação”. Fornicar é o mesmo que ter relações sexuais com alguém sem está dentro do compromisso de casamento. Na verdade, a palavra usada por Paulo tem natureza mais ampla e se refere a todo tipo de pecado sexual.

2. Era algo conhecido do grande público. Aqui poderíamos muito bem traduzir “se ouve inteiramente (absolutamente)”. Não se trata de uma conversa superficial. É algo certo.

3. A imoralidade sexual na igreja de Corinto era tal que resultou em um caso específico aqui citado: um rapaz estava vivendo como marido da mulher do seu próprio pai. Aqui é interessante observar a relação entre a "imoralidade sexual" (prostitiuição) e o caso específico do rapaz. No orginal temos uma construção sintática revelando que o caso do rapaz é "resultado" de um quadro maior de prostituição. O caso aqui citado, portanto, não seria um episódio isolado e/ou único, mas o resultado de um processo. A TB parece ter entendido assim ao traduzir “de modo que” ou invés de "isto é". Entender esse caso como o resultado de outros é importante porque nos desperta para sua causa: o descaso para com o pureza na igreja. Além disso, revela porque a igreja estava tão insensível quanto a um pecado tão chocante mesmo entre os incrédulos. A indiferença quanto a pureza e santidade gerou a insensibilidade.

4. Apesar de no primeiro verso Paulo está falando de pecados sexuais, ele deixa claro em todo o parágrafo que seu foco não se limita a essa questão. Posteriormente ele condena os roubadores, idólatras, maldizentes etc. (vv. 10-11).

Que ATITUDE tomar?

Primeiramente Paulo nos alerta para a atitude a ser evitada: a INDIFERENÇA. A palavra usada para “lamentar” aqui é a mesma utilizada para “chorar” diante da morte de alguém. “Vocês deveriam estar lamentando, chorando, diante de tamanho acontecimento”, diz Paulo. Mas parece que o problema nem sequer existia para aqueles irmãos. A apatia com outros casos gerou a insensibilidade para com casos que são graves até mesmo entre os ímpios.

Depois de nos mostrar a atitude a ser evitada, Paulo revela a atitude esperada diante do quadro de imoralidade: EXPULSÃO. Paulo, em sua autoridade apostólica, diz claramente que já sentenciou: “entregue a Satanás”. A decisão deveria ser aplicada "imediatamente", porém, não "arbitrariamente". Os passos ensinados pelo Senhor Jesus (Mt. 18) devem ser pressupostos no texto. Os passos estão "sugeridos" no objetivo maior da expulsão - a salvação. Um desses passos é destacado no texto: a reunião dos irmãos. A decisão quanto a exclusão, portanto, deveria ser da igreja.

O objetivo da expulsão é a “destruição da carne” e “a salvação”.Há discussão sobre o que vem a ser a “destruição da carne”. A morte? A Natureza pecaminosa? Algumas considerações nos impelem a negar a primeira possibilidade:

1) Gramaticalmente o objetivo real (e final) de Paulo na oração é a salvação do pecador e não a "destruição da carne". Esse é o real propósito na atitude de expulsão - a salvação. A sentença anterior (“para a destruição da carne”) descreve o "processo curativo" esperado. Explico: Na ARA temos a expulsão ("entregue a Satanás") seguida "aparentemente" de dois objetivos: a) A destruição na carne e b) Salvação. A preposição grega traduzida como "para" pode expressar "resultado antecipado" não somente propósito (cf. BAGD). O propósito seria a salvação. Essa salvação passaria pela "destruição na carne", chamado aqui de "processo curativo" porque leva à salvação. A morte, pois, torna-se estranha, pois como a morte seria um "processo curativo" até chegar a salvação? Além disso...

2) Paulo não prevê uma morte imediata como resultado da expulsão, pois aconselha aos irmaos a não comer (exercer comunhão) com ele.

3) Há um contraste "paulino" entre “carne” e “espírito”. Geralmente em Paulo “carne” e “espírito” faz referência à pessoa como um todo vista por ângulos diferentes. “Espírito” faz referência à pessoa como um todo direcionado a Deus. “Carne” à pessoa como um todo longe de Deus. A palavra “destruição” parece ser metafórica como “crucificação” em Gl. 5:24.

A “salvação” aqui claramente se refere a salvação eterna. Observe que Paulo liga essa salvação ao “dia do Senhor”. Assim, o verdadeiro objetivo em colocar uma pessoa para fora da igreja é a sua salvação. É esperado que nesse processo de retirada ela "destrua a carne", ou seja, volte-se para Deus. É importante entender que esse é o objetivo, não se quer dizer que isso necessariamente vai acontecer. Nem todos os "excomungados" voltarão. Mas esse deve ser nosso desejo e oração.

Quanto a frase “entregue a “Satanás”, essa foi utilizada por Paulo em outros documentos (2 Timóteo). Ao que parece, trata-se de uma terminologia usada para todos os que são retirados do convívio da igreja.

Continua…

Perfil

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Rômulo Monteiro alcançou seu bacharel em Teologia (Seminário Batista do Cariri – Crato/CE) em 2001; concluiu seu mestrado em Estudos Bíblicos Exegéticos no Novo Testamento (Centro de Pós-graduação Andrew Jumper – São Paulo/SP) em 2014. De 2003 a 2015 ministrou várias disciplinas como grego bíblico e teologia bíblica em três seminários (SIBIMA, Seminário Bíblico Teológico do Ceará e Escola Charles Spurgeon). Hoje é professor do Instituto Aubrey Clark - Fortaleza/CE) e diretor do Instituto Bíblico Semear e Pastor da PIB de Aquiraz.-CE Casado com Franciane e pai de três filhos: Natanael, Heitor e Calebe.